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100 coisas a fazer antes de chegar aos 100 anos!

Uma fusão de bucket list a atirar para o futuro com um grupo de memórias desgarradas do passado e um polvilhado aleatório de acontecimento do dia a dia.

100 coisas a fazer antes de chegar aos 100 anos!

Uma fusão de bucket list a atirar para o futuro com um grupo de memórias desgarradas do passado e um polvilhado aleatório de acontecimento do dia a dia.

É Tur...É Turbu...É Turbulência!

João Eating the World!, 24.01.25

Visitar mais de 100 países [2/100]

Este post poderia ser acerca de Belgrado, capital da Sérvia e último país do meu périplo de 2024 pelos mercadinhos de Natal. Poderia ser uma reflexão sobre como foi uma cidade que não me encantou, talvez por a ter sentido brutalista como a sua arquitectura, apesar de ter das igrejas mais maravilhosas que alguma vez vi (uma pessoa entra nelas e quase que tem de apanhar o queixo do chão); ou pelo facto do sistema de transportes públicos me ter deixado à beira de um esgotamento nervoso, pese embora tenha-me dado a conhecer o Fuze Tea de Frutos do Bosque, uma das coisas mais maravilhosas que levei à boca nos últimos tempos.

Belgrado

Belgrado

Mas não, este post é sobre como quase morri a voltar de Belgrado pela Air Serbia, companhia que nunca na vida suspeitara que fizesse voos diretos para Lisboa.

Para vos dar contexto, esta minha viagem aos mercados de Natal aconteceu sensivelmente duas semanas após a minha segunda operação, e digamos que não foi consensual, visto que a minha família achou que era cedo demais para viajar, apesar da minha médica ter dado uma luz (semi)verde, desde que não passasse o voo todo sentado e adotasse medidas que minimizassem o risco de um possível tromboembolismo. Ora, como a minha primeira operação deixou-me sem ir ao Sri Lanka (sei que já contei isto no post sobre a minha ida para a Áustria, mas é para verem como fiquei traumatizado) recusei-me terminantemente a ficar em casa e lá fui eu munido de meias de compressão e uma vontade louca de fazer exercício a bordo do avião.

E foi com as mesmas meias de compressão calçadas que, a meio da viagem de regresso a Lisboa, a minha vontade de fazer exercício, aliada à minha bexiga do tamanho de uma noz, fez com que me levantasse para ir à casa-de-banho. Depois de fazer o que tinha a fazer (acho que não preciso de vos dar detalhes) decidi ficar no fundo do avião a fazer uns exercícios, já que os carrinhos dos comes e bebes tinham começado a circular e impediam a passagem de pessoas com pandeiros do tamanho do meu.

Todo eu dei uma classe de ginástica no fundo daquele avião. Foram uns bons 20 minutos a alongar pernas, a esticar braços, a levar joelhos ao peito (ou a tentar levar joelhos ao peito), a rodar ombros, a dizer que sim e que não e que talvez e que nem pensar com a cabeça... basicamente tinha tudo para ser um segmento da Praça da Alegria, daqueles do vamos fazer exercícios com uma cadeira e um pacote de arroz carolino.

Ora depois de ter queimado umas boas calorias, vi que o carrinho dos comes e bebes tinha passado finalmente pelo meu lugar e fui, todo ufano e ligeiramente suado, sentar-me.

Minha gente, não tinham passado sequer dois minutos quando o avião sacudiu de uma forma indescritível, que me fez o cu levantar do assento. E não foi apenas um solavanco, foram intermináveis segundo de uma turbulência como eu nunca tinha sentido. Voaram bebidas para cima de passageiros aterrorizados, os comissários de bordo correram a sentar-se no braço da cadeira mais próxima abandonando as sandes de mortadela e, para horror dos horrores, abriram-se compartimentos da bagagem de mão. Na verdade abriu-se um compartimento, que era exatamente aquele que estava apontado à minha cabeça, e nesse momento só imaginei o meu epitáfio: "Aqui Jaz João, que morreu depois de ter levado com uma mala da Samsonite na cabeça".

Felizmente a turbulência não durou muito e, tirando as nódoas de coca-cola, não houve estragos a contabilizar. Mas não pude deixar de pensar - E se no momento da turbulência ainda estivesse em pé a fazer os exercícios? E se no preciso exato momento em que estivesse a dobrar o joelho, agarrando o pé para que ele tocasse na nádega, o avião tivesse sacudido todo? O mais certo era ter sido arremessado contra o teto do avião, ou ter-me espatifado contra as cadeiras da frente. A realidade é que por questão de escassos minutos fintei uma possível morte certa e uma definitiva aparição num alerta CM.

Foi com este pensamento em mente que me mantive colado à cadeira durante o resto do voo, ignorando o facto da minha bexiga estar novamente cheia, mas fazendo a cada dez minutos uns ligeiros exerxícios com os pés e com as pernas para ativar a circulação sanguínea. É que se não tinha morrido da turbulência também não ia morrer de um tromboembolismo!

 

 

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